Hyper-Surrealist Fnord Agency


KSTXI Dataplex


Know more, Understand less



KSTXI Reality Glitch Hack Post-Neoist Meta-Discordian Hyper-Surrealist Galdruxian Tudismocroned Bulldada Network ::: art, anti-art, post-art, `pataphysics, absurdism, discordianism, concordianism, meta-discordianism, realism, surrealism, hyper-surrealism, neoism, anti-neoism, post-neoism, anythingism, etc..

KSTXI Hyper-Surrealist Fnord Agency Portal

KSTXI Glitch Network


:::

“Everyone carries a piece of the puzzle. Nobody comes into your life by mere coincidence. Trust your instincts. Do the unexpected. Find THE OTHERS”
– Dr Timothy Leary

:::

::: KSTXI Post-Neoist Meta-Discordian Memes Illuminati Cabal ::: Illuminati1

—–><—–

“Welcome to the most ancient conspiracy on the planet. We’ve gone for so long now that we don’t remember what we were doing, but we don’t want to stop because we have nothing better to do.” - Fire Elemental

—–><—–

:::

.

KSXTI Post-Neoist Meta-Discordian Galdruxian Memes Illuminati Cabal Contact Information

::: KSTXI Post-Neoist Meta-Discordian Memes Illuminati Cabal ::: Tumblr_inline_p10gskins81rlg9ya_500

.

"Stick apart is more fun when we do it together." - St. Mae

.

::: Discord:

- Dataplex Ourobouros

::: Reddit:

- 00AG9603

- KSTXI Dataplex

- #TheGame23 Mod 42.5

- Dataplex Ourobouros

::: Forum



Join Us!

:::

25.12.09

Todos os Baiacus merecem o céu

por Pedro Ivo Resende

O Caio ganhou um Nintendo, o Flavinho um autorama do Piquet. E eu, bem, eu rasguei o meu embrulho, abri a caixa e descobri que ganhara um baiacu morto. Junto vinha um manual de instruções, com apenas uma frase: “Produto não comestível”. Também pudera: o bicho já estava podre, com os olhos brancos. Fedia pra cacete. Não sabia o que fazer com aquilo. Achei melhor levá-lo até o meu pai e perguntar isso para ele.

- Pai, ganhei um baiacu de natal. O que eu faço?
- Bem, ele está morto?
- Sim.
- Então devemos organizar um funeral apropriado para ele. É o que há de decente a ser feito.

Meu pai me deu um tapinha nas costas e explicou o propósito do presente. Segundo ele era algo para me ensinar a lidar com a morte, com a perda. E sabe, até que não era tão ruim. Enquanto o Flavinho encaixava as pistas do seu autorama do Piquet, eu montava o caixão do baiacu com tábuas de compensado.

- Pai, existe um céu para os baiacus?

Chamei todos para comparecerem ao meu pequeno funeral, mas a família inteira estava ocupada demais com a ceia e os presentes. O único que se dispôs a ir foi o jovem papai-noel, que se sentia meio deslocado na festa. Ele olhou todos os preparativos e abaixou a cabeça, com pesar. Estava visivelmente emocionado quando comecei o meu discurso.

- Um sonho interrompido, cortinas que se fecham em meio a um ato. Alguém que tinha a tanto a oferecer e partiu tão cedo...

O papai-noel fajuto - contratado pra festa - resolveu também participar.

- Baiacu honesto, nunca fez mal a ninguém.
- Isso! Sempre que precisávamos de um companheiro, lá estava ele com uma palavra amiga.
- Bem-humorado, piadista... Era um fanfarrão, mas não mexia com a mulher dos outros.
- E mesmo assim, partiu. Por que, por quê?!

Ajoelhei-me no chão, fechei os olhos e fingi que estava chorando. Quando me levantei, vi que o papai-noel tinha retirado o baiacu do caixão e o segurava pelo rabo. Ele passava os olhos pelo peixe com um olhar curioso.

- Ei, garoto, isso daqui não é um baiacu.
- Como assim?
- É um bacalhau. E está gelado, cheio de tempero. Seu pai deve ter tirado ele da geladeira.

Jogamos o peixe no mato e voltamos à festa. Nos confraternizamos com os convidados, comemos, dançamos; tudo isto com um espírito revigorado. Porque além do nascimento do Deus-menino, tínhamos muito a comemorar naquela noite. Afinal, o baiacu não morrera.

- Um brinde ao baiacu, aquele peixe sapeca.
- Sempre nos pregando uma peça. Tim-tim!